
Tratamento Homeopático
Muitas vezes as pessoas recorrem à homeopatia por estarem insatisfeitas com a medicina tradicional, quando obtiveram efeitos paliativos para seus problemas, após longos tratamentos.
Um exemplo bastante ilustrativo é o caso de amigdalites de repetição. A cada novo episódio empregam-se antibióticos e antinflamatórios porém, passados trinta a quarenta dias, acontece um outro episódio.
O que está errado? Foram considerados apenas os aspectos da enfermidade e não a maneira como o indivíduo faz sua enfermidade. Tratar o episódio agudo com antibióticos não está rigorosamente errado, mas isso não é curativo.
Para a homeopatia, cada pessoa é única e indivisível. O tratamento visa o doente na sua totalidade, considerando os aspectos físicos, relacionados com a enfermidade, e as características pessoais do gênio, do humor, dos hábitos, das predisposições e a maneira peculiar como cada um reage aos acontecimentos da vida.
É comum as pessoas dizerem que a homeopatia é lenta. Na verdade, o tratamento dos episódios agudos é rápido, mas o tratamento curativo dos problemas crônicos exige um tempo maior. Não existe um tempo preestabelecido. Cada paciente tem um grau de reatividade diferente, que depende da idade, constituição, enfermidades sofridas e dos tratamentos realizados anteriormente.
A perfeita caracterização dos sinais e sintomas é que vai definir qual ou quais medicamentos serão mais apropriados para cada caso. Assim, para que o tratamento curativo tenha êxito, cabe ao médico e ao paciente constituírem juntos esse quadro, com a maior riqueza de detalhes possível. Isso implica num elevado grau de auto-observação por parte do paciente e em uma relação médico-paciente franca e amigável.
Por esse motivo a consulta homeopática é mais demorada, pois a intenção é individualizar ao máximo o paciente.


A homeopatia trata pelos semelhantes. Toda substância capaz de provocar determinados sintomas (físicos ou psíquicos) numa pessoa sadia, é também capaz de curar uma pessoa doente que apresente esses mesmos sintomas.
Para que possamos descobrir as propriedades curativas das substâncias, elas devem ser experimentadas em indivíduos sadios. Isso consiste na administração repetida de uma única substância, diluída e dinamizada, e no registro de todos os sintomas provenientes da sua administração.
Por exemplo, na experimentação da Belladona surgem: rubor facial, dilatação das pupilas, boca seca, sede aumentada, estado febril e eventualmente delírios. Se uma pessoa apresenta inflamação das amígdalas, febre elevada de início súbito, boca seca com sede e dilatação das pupilas, estamos autorizados a prescrever-lhe Belladona, baseados no princípio da semelhança.
Durante o tratamento homeopático, podem ocorrer algumas reações orgânicas, que são favoráveis ao restabelecimento da saúde. Geralmente elas ocorrem entre o 8o e o 14o dia do início da medicação e se caracterizam por: febre, aumento da transpiração, episódios de diarréia ou vômito, erupções pruriginosas, aparente piora dos sintomas atuais e volta de alguns sintomas antigos.
Todas essas reações costumam ser transitórias, não necessitando de intervenções. Elas indicam que o tratamento está correto e que o paciente está reagindo bem.
Os sintomas gradualmente vão melhorando, surge uma sensação de bem-estar, com maior disposição e ânimo. Passados 60 a 90 dias do início do tratamento, gradativamente os sintomas começam a retornar, como se perdêssemos o equilíbrio conquistado. Isso indica que está na hora de reavaliar o quadro clínico evolutivo, com a possibilidade de mudança da dinamização do medicamento, ou eventualmente o próprio medicamento.
A cada nova reavaliação, com o aumento progressivo da dinamização dos medicamentos, o período de melhora fica maior, até que se atinja um estado de equilíbrio duradouro, com necessidade cada vez menor de reavaliações.
O retorno da consulta, fica vinculado à necessidade de algum ajuste da medicação, geralmente num episódio agudo ou numa exacerbação de uma enfermidade crônica, dentro de um período de 30 dias da consulta.
Atualmente, contamos com aproximadamente 2.500 medicamentos homeopáticos. Alguns são imensos, apresentando cerca de 4.500 sintomas e outros com apenas algumas dezenas.
O medicamento homeopático é sensível a temperaturas superiores a 50 graus, ondas eletromagnéticas de televisores, microondas, raios x e a determinadas substâncias químicas, especialmente a cânfora, que é um antídoto de qualquer medicamento homeopático.
Eles devem ser guardados em lugares escuros, secos e sem cheiros fortes, que possam prejudicar sua eficácia.
Os medicamentos podem ser aviados em diferentes formas: glóbulos, líquidos (gotas ou em solução), pomadas ou gotas otológicas. Outras formas menos comuns, incluem a olfação e a fricção dos medicamentos.
Um engano muito comum, é confundir a homeopatia com a fitoterapia, que emprega extratos vegetais na forma de chás ou soluções.
Como o medicamento inicia sua ação através do contato com a mucosa oral, devemos evitar a ingestão de alimentos e bebidas, bem como a escovação dos dentes, por um período de 15 minutos, antes e após o uso da medicação.
Quando for prescrito mais que um medicamento, eles não deverão ser tomados ao mesmo tempo. Dê um intervalo de no mínimo meia hora entre eles.


Outra dúvida freqüente, é quanto ao uso de medicamentos não homeopáticos, durante o tratamento. A medicação de uso prolongado, tal como antidiabéticos, anticonvulsivos e hormônios só deverá ser alterada com expressa orientação médica. Existe um falso conceito de que os dois tipos de medicação (alopática e homeopática) são incompatíveis.
A terapêutica homeopática age por estímulo semelhante ao da enfermidade e a terapêutica alopática age (geralmente) por um efeito contrário, por isso ela se inicia por anti: biótico, espasmódico, térmico, ....
Por exemplo, se você estiver com febre e tomar um antitérmico aliviará o mal-estar com a redução da temperatura, mas a enfermidade que a produz continuará seu curso. Certas condições clínicas exigem a redução da temperatura, o mais breve possível, mas isso não é a regra.
Com a elevação da temperatura, aumenta a produção de anticorpos e a otimização das defesas orgânicas. Assim, reduzir a febre logo de início é favorecer a enfermidade. A febre não é doença, é um sinal de alarme de que algo não vai bem.
Quando um medicamento homeopático é prescrito para um episódio febril, considera-se a febre e todas as demais alterações que a acompanham. A diminuição da temperatura implica na resolução do problema e não apenas no alívio transitório.
Como vimos, a terapêutica homeopática age por estímulo. Se um paciente teve uma inflamação da glândula tireóide, com conseqüente destruição de todo tecido glandular, não adianta querer estimular um tecido destruído, o paciente deverá tomar hormônio tireoidiano pelo resto da vida. Isso é uma terapêutica de reposição e está em conformidade com a homeopatia.
Quanto à obesidade, não existe medicamento homeopático para perder peso. O tratamento do indivíduo obeso envolve reeducação alimentar, atividade física e mudança de hábitos. O medicamento homeopático é útil para reequilibrar o paciente e ajudá-lo na sua tarefa. Desconfie de "fórmulas homeopáticas".
Outro ponto polêmico são as vacinas. Uma corrente homeopática se declara contrária ao emprego da maioria delas. Julgamos que elas são necessárias, além de obrigatórias. Os efeitos colaterais e as possíveis enfermidades que elas possam desencadear, são totalmente tratáveis pela homeopatia.
Finalizando, gostaria de afirmar que a homeopatia não é uma panacéia, tem suas indicações e, como terapêutica médica, tem seus limites.
Empregada isoladamente ou em associação com outras modalidades terapêuticas, inclusive a alopatia, auxilia o médico a cumprir sua missão: ser útil ao doente sem prejudicá-lo, como queria Hipócrates.
"Na arte de curar, deixar de aprender é crime"
Samuel Hahnemann
Dr. Renan Ruiz
Homeopatia - Clínica Médica
